Treze dissidentes cubanos ocuparam uma igreja católica em Havana, exigindo uma audiência com Bento XVI, que deve estar em Cuba no dia 26 de março. Os dissidentes querem que o líder mundial da Igreja Católica pressione o governo comunista cubano para que liberte os presos políticos e ponha fim à repressão.
A Igreja Católica de Cuba condenou o protesto, dizendo que os lugares de culto não devem ser utilizado para manifestações políticas.
O dissidente William Cepera disse que oito mulheres e cinco homens entraram na Igreja da Caridade, no centro de Havana, na noite desta terça-feira. Eles estavam em uma área onde os fiéis normalmente não têm acesso. A igreja foi parcialmente fechada, permitindo a entrada apenas dos peregrinos que vieram para ver a imagem da Virgem da Caridade do Cobre.
“Gostaríamos de falar com o Papa e dizer-lhe que o governo de Fidel e Raúl (Castro) libertou apenas alguns presos, mas muitos outros presos políticos permanecem encarcerados”, disse Cepera.
A Igreja Católica de Cuba tem atuado como mediadora entre os dissidentes e o governo. Nos últimos anos negociaram, com sucesso, a libertação de 75 prisioneiros políticos.
O porta-voz da Igreja, Orlando Márquez condenou a ação e pediu que o grupo saia imediatamente. “Ninguém tem o direito de perturbar o espírito de celebração dos fiéis cubanos e de muitos outros cidadãos que aguarda com alegria e esperança para a visita do Santo Padre, Bento XVI, a Cuba”, escreveu ele em um comunicado.
A polícia está vigiando a igreja, mas ainda não interveio.
Papa Bento XVI não anunciou que vá atender os dissidentes durante sua viagem. Contudo, ele se encontrará com o presidente cubano, Raul Castro, em Santiago. Também deve visitar o santuário da Virgem da Caridade do Cobre e viajar para Havana, onde celebrará uma missa na praça principal.
Motivo da viagem do Papa
Bento XVI visitará Cuba no dias 26 a 28 de março numa tentativa de reavivar a fé cristã naquele país, declarou o Bispo Jaime Ortega, em programa nacional de televisão, nesta terça-feira, de acordo com a Reuters. A visita coincidirá com as celebrações dos 400 anos da aparição da Virgem da Caridade quando haverá procissões em todo o país.
Para o Cardinal Ortega o fato representa fervor religioso. “Houve um grande interesse da parte do Papa em relação a essa peregrinação porque o Papa tem compromisso com o avivamento da fé em países que foram cristãos antes e agora precisam de evangelização,” disse o cardinal segundo a Reuters.
Durante muitos anos Cuba que ainda mantém um regime comunista, proibiu qualquer manifestação religiosa naquele país. Entretanto, a igreja católica em Cuba experimentou uma despertada durante a visita do Papa João Paulo II em 1998.
“A visita do Papa João Paulo II deu um novo dinamismo ao trabalho pastoral da nossa Igreja. Foi a primeira vez que a comunidade católica convocava publicamente os seus fiéis e falava livremente de Cristo pelas ruas,” disse Monsenhor Jose Felix Perez Riera, em entrevista ao somoscatolicos.com.
Apesar de mudanças ocorridas em Cuba desde a última visita de um papa, incluindo um novo presidente, as dificuldades econômicas continuam as mesmas. “Nestes anos a Igreja contribuiu para melhorar o comportamento ético de todos os habitantes da ilha, mas a nossa sociedade ateia e materialista teve um efeito negativo sobre a população,” disse Monsenhor Riera.
Mas a esperança de um avivamento ainda existe no meio católico através do papa Bento. “Esperamos que com a missão papal traga um avivamento para uma fé adormecida. O Papa reafirmará nossos valores cristãos”, declarou Cardinal Ortega.
Mas o Monsenhor Riera não espera uma mudança com uma ‘simples’ visita. Segundo ele, apesar do programa não prever nenhum encontro com Raul Castro. Sua esperança é a de que durante o encontro do Papa com a família do chefe de estado acabe havendo um contato entre eles.
De acordo com a Reuters, Cardinal Ortega conseguiu negociar em 2010, a liberação de mais de 100 prisioneiros políticos em Cuba e tem sido uma influência nas reformas econômicas. Em dezembro, Raul Castro liberou 2.900 prisioneiros alegando que a visita do Papa seria uma das razões para tal ato.
Fonte: Gospel Prime e The Christian Post
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